08/02/2017

OCD - Obsessive Cardio frequency meter Disorder

Desde Abril/2016, com o meu regresso tímido aos treinos, tenho-me feito acompanhar sempre por uma banda cardíaca. Dada a falta de folego e a minha estampa gelatinosa, ser lançado às feras a tentar impôr o ritmo sozinho era garantia de uma performance sofrível e perigosa para a saúde. Com nove meses de uso, criou-se a inevitável dependência do cardiofrequencímetro.

Não havia subida em que eu não olhasse para o relógio para ver o conta-rotações a chegar ao redline, nem descida que eu não consultasse o Garmin para ver se não estava a descer demasiado nas pulsações. Mergulhei nas profundezas das zonas de treino, defini as minhas, que percebi serem um pouco mais elevadas do que o normal para a idade, o que significa que ainda tenho o coração de um adolescente acnoso.

Tudo ia bem neste meu pequeno mundo em que tudo podia ser controlado, até a batida cardíaca. Era um homem feliz, um mestre na obsessão de manter-me na zona 3 e na compulsão de abrandar o passo quando o Garmin vibrava a avisar-me que estava a bater nas 159bpm.



Mas eis que veio Domingo. Arranco para treinar ao fim do dia, uns 6 km paranoicamente controlados. Munido do meu cardio-soutien, faço o aquecimento, uns 500 metros lentos e acelero o passo... nem uma notificação no Garmin "estás tão bom nesta gestão do ritmo que já nem sais da zona de treino. Tens que te dedicar a outra coisa mensurável para controlar e perpetuar esse estado psicótico. Que tal o comprimento da passada?" pensei eu. Ao fim de dois quilómetros, resolvi ver a quantas andava... duas linhas horizontais no gps indicavam-me uma de duas realidades:
  1. Estava morto. Flatlined, como os britânicos dizem. Tinha lerpado na subida a caminho da Quinta das Conchas. Dado não ter batimento cardíaco no Garmin mas o mesmo indicar-me um pace de 06:05 min/km, cedo descartei essa hipótese.

    ou
  2. A pilha do cardiofrequencímetro tinha ido com os porcos.
Fiz o restante do treino sem chão, desorientado, perdido, sem saber ao que me agarrar. Só queria chegar a casa, desenterrar uma pilha CR2032 de um relógio e ressuscitar o sensor. Cheguei tão depressa a cada que fiz o treino mais rápido dos últimos meses.

Dado não ter uma única pilha CR2032 em casa, uma ida a uma loja do chinês da especialidade na passada Segunda-feira resolveu a questão. Para meu desencanto, a banda continuava a não dar sinais de vida. Uma pesquisa pelo Google fez-me ver que. afinal, não estou sozinho. A banda da garmin é propensa a dar o berro, não o sensor. Isso sucede por acumulação de sal e outras badalhoquices na banda. Mesmo com uma lavagem de semanal.

Solução? Comprar uma banda da Polar (14€), compatível com o sensor da Garmin que, a avaliar pelo que pesquisei, é mais fiável, menos propensa a avariar e fica a um terço do preço de uma banda da Garmin.

Até a banda vir, vou ter que treinar sem cardiofrequencímetro. Ponderei correr com estetoscópio e metrónomo, mas carregar no metrónomo cerca de 160 vezes por minuto podia originar uma tendinite de repetição no dedo. Outra solução passaria por levar um medidor de tensão em modo repeat, o que elevaria o risco de uma trombose no braço, tal é o aperto daquela brincadeira.

Ainda não sei como vou treinar nas próximas semanas. Talvez meta os primeiros 01:15 desta música em repeat nos phones e consiga treinar sem panicar...








12 comentários:

  1. O drama! O terror! A tragédia!!!

    (ih ih ih)

    Um abraço

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    1. É memso João. A banda está-me a fazer tanta falta que ontem fiz o meu treino mais rápido em 23 meses! :D

      Abraço

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  2. Também tens sempre esta hipótese como alternativa à banda da Garmin: http://www.aquelequegostadecorrer.com/2015/04/banda-cardiaca-geonaute.html :)

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    1. Obrigado pela dica Vitor. Já mandei vir a banda da Polar, mas essa também é uma boa solução :)

      Abraço

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  3. Boas. Não quero ser desmancha prazeres, mas isso tem solução. Acho eu que seria colocar uns segundos a pilha ao contrário. Vás vou verificar isso.

    E sei que tem solução pq já me aconteceu. ...

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    1. Já pus a pilha a fazer o pino e não deu, mas obrigado pela sugestão :)

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    2. O virar da pilha ao contrario é para retirar a "energia" dos polos. Este gaijo ensina de outra maneira. De qq maneira, pelos comentários, muita gente ficou a rasca com a mesma situação.

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    3. falta o cvideo: https://www.youtube.com/watch?v=jrXLjQ1eGJ8

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  4. Já foram colocados os comentários pertinentes, nomeadamente...pose Albarran e ...o drama o horror a trágédia e sim, Polar Rules e ok, tens na Decathlon tanto a Polar (mais cara que nesse site mas não sei os portes que pagaste) ou a da própria Decathlon.

    Mas para não ficares parado arranja um Metrônomo (gosto especialmente daqueles que se colocam em cima dos pianos de cauda) e vai correr.

    Também treinas a contar até 220...por minuto :)

    abraço

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    1. Eu inicialmnete estava a pensar num metrónomo digital, mas agora que me lembraste desses antigos de pêndulo, acho que é de investir num, que assim faço exercício cardio e de pesos numa só actividade física :D

      Abraço

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  5. Olha, eu também sofria da mesma dependência, até que a banda da Garmin morreu e a da Polar, que tinha antes, não a encontro em lado nenhum! Tive sintomas de ressaca (e agora como faço assaduras no peito, como??), mas depois passou-me. :)
    Mas por acaso acho que é uma coisa que dá jeito, e gostava de ir dando umas olhadas para ver se não me está a dar o badagaio quando corro. Tenho de ver opções.
    Beijinhos

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    1. Quer a banda da polar, virar a pilha ou a sugestão do Vitor funcionam. Tudo depende do que se queira gastar e do tipo de problema. Se o sensor do Garmin pifou memso, só a banda da polar não chega, embora seja a opção mais barata (11€).

      Mas esta "desintoxicação" está-me a ser útil para não fazer sempre treino com foco nas bpm. Acho que quando resolver este problema, vou passar a usá-la ocasionalmente, como medida anti-badagaio :D


      Bjs

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