Corre mais rápido!

Aqui partilhamos todas as nossas provas e treinos e muitas outras coisas sobre o mundo da corrida...

30/10/2014

1º Trail Fluviário de Mora - Report

No dia 26 de Outubro houve o 1º Trail Fluviário de Mora, sendo também uma estreia minha neste tipo de corridas.

Como nunca tinha participado numa, ia apenas com intenção de apreciar ao máximo, de me divertir e tentar fazer o melhor tempo possível tendo em conta isso mesmo. Fui com bastante tempo antes para conviver com alguns amigos meus que iam participar e outros que iam apenas ver. Foi bom ver bastantes caras de pessoas da terra, ali, prontas a participar. Mora não é uma localidade muito grande, e sendo esta a primeira prova a acontecer, conseguiu juntar quase 150 atletas, repartidos pelas duas provas principais: 15kms e 30kms. Houve ainda uma caminhada de 6kms, onde também foi possível ver uma agradável moldura humana.

Às 9:15 partiram os atletas dos 30kms (estavam inscritos cerca de 40, apenas duas mulheres) e passados 15minutos os atletas dos 15kms (estavam inscritos 101 atletas). Parti com calma, sabendo de antemão que não ia ganhar a prova. Fui falando com outros atletas, tirando umas fotos e até parando para falar com pessoas conhecidas que estavam a ver a prova. Como atleta de estrada que sou, reparei que nas zonas mais técnicas era ultrapassado, mas nas zonas de estrada, era eu que conseguia impor um ritmo mais rápido. No posto de abastecimento, localizado perto do km 10, parei para beber uma água e comer uma frutinha. Havia ainda tostas, doce, coca-cola, entre outras coisas. Não sentindo necessidade de os comer, não o fiz. No entanto, ainda ali estive uns 3minutos na conversa e a pousar para as fotografias. Depois desta zona de abastecimento, o percurso era bastante mais técnico, onde era preciso ter mais cuidado onde se punham os pés e com zonas de single track (onde tinhamos de ir atrás uns dos outros). A prova acabou por ter apenas 14kms, e fi-la em cerca de 1h25'. Como já disse, fui numa de brincar e aproveitar o que este tipo de prova tem para oferecer, por isso, sei que podia ter feito um melhor tempo.

Quanto à organização, não tendo outras de comparação, apenas posso dizer que acho que algumas zonas deviam ter alguém da organização, ou estarem muito bem sinalizadas, para que os atletas não se enganassem no caminho. De resto, acho que foi uma manhã muito bem passada e estão todos de parabéns.

Foi bom ver que quem ganhou a prova dos 15kms foi um atleta da casa (pese, no entanto, ser um atleta de estrada) e que na prova dos 30kms, mais um atleta da casa conseguiu o 2º lugar. Dos atletas dos 30kms, apenas 20 terminaram a prova.

Com tempo, postarei aqui algumas fotos da prova e também falarei sobre o bichinho (vá, o bichão) do trail que ficou dentro de mim. Para já, ficam apenas com este testemunho.

29/10/2014

Tshirt S-Lab Sense Tank M - review by bluesboy

O último dos equipamentos do primeiro envio (sim, leram bem, vai vir charters de mais equipamento Salomon para testar) a ser revisto é esta tshirt técnica S-lab Tank M. Tive oportunidade de a testar três vezes, em Agosto, sempre em dias bastante quentes e garanto-vos que passei menos calor que em certos dias de Primavera.
















Imagens da S-Lab Sense Tank M (fonte http://www.castlebergoutdoors.co.uk)

Embora o meu porte físico não seja, de momento condizente com o modelo de tshirt em questão, é, realmente, uma excelente forma de correr em tronco nú, sem correr em tronco nú. Isso é conseguido, graças aos avanços que a ciência nos tem trazido a nível dos materiais. A investigação científica nesta área tem beneficiado inúmeros campos e o atletismo, e particularmente a corrida, são um dos principais beneficiados.

A porosidade do tecido (cocona de seu nome) e a malha larga, optimizam e favorecem a transpiração. De realçar ainda a sua leveza. É muito leve mesmo!

Dada a minha fraca estampa física para evidenciar todas as potencialidades do equipamento,
cá fica uma foto do Sr. Kilian Jornet a usar a tshirt
Uma das duvidas que tenho no que toca ao tecido é a sua resistência. Tratando-se de um equipamento de trail, fica a ideia que toda esta leveza poderá não estar preparada para elementos que são muito comuns de encontrar numa prova de trail silvas, arbustos e afins.

Resumindo, uma excelente solução para correr em tempo quente, independentemente do contexto (alcatrão ou trail), faltando apenas alguns treinos em Monsanto e Sintra para ver até que ponto a tshirt aguenta alguns abusos da natureza.

28/10/2014

2ª Corrida Montepio - report by bluesboy

A segunda edição da Corrida Montepio teve lugar neste Domingo, em Lisboa. Com início no Rossio e meta no Terreiro do Paço, percorreu a frente ribeirinha, sobretudo na Av. 24 de Julho, num percurso já muito conhecido para quem faz provas em Lisboa (São Silvestre, Meia Maratona de Lisboa e Corrida de Santo António).

Sendo uma prova com um cariz marcadamente solidário, dado que 100% da verba de inscrições foi entregue à Cáritas Portuguesa, foi com especial agrado que pude constatar a adesão massiva - 10 mil participantes - nas duas provas. Mesmo nas mais participadas Corridas de Santo António não tinha visto uma moldura humana tão imensa como ontem.

Em termos pessoais, ia com a ideia de fazer sub 50, objectivo demasiado optimista nesta fase, que rapidamente se tornou impossível de alcançar quando ao km 4 olho para o relógio e vejo que já estava 01min30s abaixo do tempo pretendido. Mesmo assim,, consegui recuperar na segunda metade da prova, apesar do calor e acabar com 52:44.

Boa manhã de convívio com os Pernas de Gafanhoto, excelente organização da HMS (mais uma vez) e o principal destaque vai para o poder solidário da corrida, que, neste caso, permitiu angariar 55 mil Euros para causas sociais.

21/10/2014

Corrida do Aeroporto 2014 - report by Fiona, bluesboy e Mustache

Devemos sempre voltar aos locais em que fomos felizes... by Fiona

... e às corridas também! 


Em 2012, a Corrida do Aeroporto assinalou a minha primeira prova com a verdinha camisola dos Pernas de Gafanhoto e a minha estreia nesta corrida. Hoje, ao chegar ao local da prova com o bluesboy, não pude deixar de me recordar da alguma ansiedade que me acompanhava por vestir pela primeira vez a camisola de um grupo tão bem disposto. O percurso da prova de hoje foi algo diferente da prova que fiz em 2012 mas continuou a fazer os participantes passar pelas simpáticas subidas da Quinta das Conchas. Aliás, se há coisa de que os participantes da Corrida do Aeroporto não se podem mesmo queixar é da falta de subidas porque elas hoje estiveram bem presentes. 

Continuo longe de estar na minha melhor forma mas até conseguir conciliar os novos horários e todas as solicitações com os treinos, continuarei a ser uma alegre e bem disposta caracoleta em estrada. Porque nestas coisas de ser atleta de pelotão dá-nos uma outra perspectiva das coisas: ninguém gosta de ter fases menos boas em que o nosso rendimento é menor do que aquele a que estamos habituados mas o mais importante é conseguirmos desfrutar o máximo de todas as corridas em que participamos. E hoje consegui fazer isto. Aliás... Basta conseguir-se passar a meta com um sorriso para se ver que a corrida soube bem e é assim que se deve terminar sempre!


O resumo de hoje foi este! De salientar a simpática presença do Hugo Sousa, da HMS, presente nos últimos metros da prova a apoiar os participantes e a dar-lhes o último incentivo. Muito obrigada, Hugo, por toda a simpatia e pela excelente organização a que já nos tens vindo a habituar. Muitos parabéns à HMS!

Prova sempre simpática, desta vez com novo percurso - bluesboy

A Corrida do Aeroporto, prova em que participei pela terceira vez, sempre me deu gozo. Este ano não foi excepção e o novo percurso revelou-se uma boa surpresa. A parte final não ser muito próxima da saída da Quinta das Conchas permite um desanuviar do pelotão e uma chegada à meta mais agradável. 

Organização sempre simpática e prestável, desde o levantamento dos dorsais à saída da zona da meta, excelente temperatura para correr e boa companhia, são os destaques que guardo do passado Domingo.

Esta prova marca também a minha estreia em treinos que incluam levantamento do dorsal - na Sexta-feira

Em termos individuais, foi mais uma prova para rolar, na companhia da Fiona, tendo conseguido suplantar o tempo da Corrida do Sporting em termos de pior tempo nos 10k, o que em muito se deve à maior dificuldade do percurso e ao facto de ter que parar / abrandar para... erm... tirar fotografias (cof cof).
Um tempo verdadeiramente digno de um Concorde

Na próxima semana, na Corrida do Montepio, espero voltar aos registos habituais, talvez para fazer um tempo abaixo dos 50 minutos. Talvez...


Mais uma estreia! - Mustache

Como não há uma sem duas (excepto quando já somos velhinhos e já nos damos por felizes em conseguir uma), mais um domingo e mais uma prova com o novo trio maravilha! Pelo menos ao inicio e antes da partida, porque quando se dá o tiro da partida, tenho de acelerar para conseguir que o vento passe por entre a barba.

Pois que fui à Corrida do Aeroporto e foi uma estreia nesta prova. Mas verdade seja dita que o percurso já eu o conhecia de trás para a frente, ou não fosse o meu local normal de treino. Vivendo na Alta de Lisboa, aproveito a avenida nova, a pista de treino e o Parque das Conchas, para realizar os meus treinos. Assim, sabia que a prova ia ser complicada devido às constantes subidas que apresenta, sendo que algumas são mesmo bastante puxadas.

Ia com medo, é verdade. Medo que uma dor que me anda a 'atazanar' a cabeça, ali na zona da dobra do joelho, desde a corrida do Sporting, não me deixasse correr como queria. Sabia que recorde pessoal estava fora de questão, mas queria fazer um pouco melhor que a do Sporting. Corri de casa até à partida, a passo lento, e, a pouco e pouco, a dor foi diminuindo. Durante a prova não senti dores, só uma ligeira impressão, mas sempre que ando, a dor está lá. Se calhar, a partir de agora, só posso correr e nada de andar!

Bem, lá arranquei a passo mais rápido, deixando-os a verem-me a sola dos sapatos e, ao longo do percurso, cruzei-me com ambos, o que me deu aquele alento extra para aguentar o ritmo. Arranjei uma lebre, mantive-me atrás dela e, já no km final, ao passar por um desconhecido, perguntei-lhe se me queria acompanhar até ao fim e lá fomos os dois a alta velocidade, cruzando a meta em 48'48"! Está longe do meu melhor, mas também não quero apertar muito, que a Maratona do Porto está já ai e no próximo domingo vou ter mais uma estreia, desta vez em trail.

Se é uma prova a repetir: decididamente que sim!


19/10/2014

Corrida do Sporting - crónica a seis pés

O dilúvio leonino visto pelo bluesboy

Foram mais de três meses sem provas, por um bom motivo. Três meses em que os alguns treinos de corrida têm vindo a ser substituídos por treino específico de levantamentos de recém-nascido, agachamentos para lhe mudar a fralda e dar banho e exercícios de força no transporte de banheira generosamente cheia da casa de banho ao quarto e vice-versa. Três meses em que, por inerência dos trabalhos hercúleos acima descritos, finalmente, introduzi fortalecimento do core nos treinos. Não corri foi tanto, mas isso é um pormenor (ou não...).

A Corrida do Sporting, já na quarta edição, decorreu pois faz hoje uma semana, sob condições climatéricas desafiantes: chuva e vento lateral. Nada disso inibiu cerca de 5.000 leões, simpatizantes e atletas de outras preferências clubísticas de marcar presença. Nem mesmo o presidente do clube faltou, estando na partida a cumprimentar efusivamente os atletas. Um exemplo a seguir!

Acompanhei a Fiona e o Mustache na prova, até ao quilómetro 2, altura em que, não obstante o nosso mais recente escriba ter feito uma Maratona na semana passada, imprimiu um ritmo a rondar os 4:50min/km e lá o perdemos de vista, só o voltando a encontrar no final.

A prova correu-se sem sobressaltos, ao ritmo da Fiona, tendo acabado com 01:09:00, o que constitui o meu pior tempo nos 10k, numa marca muito semelhante ao meu record dos 15km.

70 metros roubados no túnel de acesso ao Estádio

Uma melhoria face ao ano passado: a peça de fruta dada no final não é encarnada.

À excepção do ano passado, este ano voltámos a poder entrar no Estádio José de Alvalade e comprovar, mais uma vez, que se trata do mais belo recinto desportivo do Mundo.



A corrida do Sporting vista pelo Mustache

Se há prova que eu faço questão de correr, é a do Sporting. Em 4 edições, fui a 4, o que me dá o título de totalista. Confesso que quando acordei e fui espreitar à janela e vi o vento e a chuva, e pensei na minha namorada deitada na cama, a vontade que tive foi de dizer que estava com dores da maratona do fim de semana passado e ir-me enroscar com ela. Mas Sporting é Sporting, e se ela ia continuar na cama à minha espera, a corrida não ia esperar por mim. Por isso, equipei-me a rigor com a tshirt da prova do ano passado, casaco da chuva e lá arranquei para a corrida.
Tinha combinado ir ter com o Sr. Bluesboy e acompanhá-lo na corrida, e acabei por iniciar a prova com ele e com a Menina Fiona. Como todos tinhamos pulseiras diferentes, decidimos arrancar no final do cordão humano que, mesmo num dia de chuva, não faltou à chamada do rugido do Leão.

A prova começou a um ritmo lento, ainda para mais porque o percurso estreitava em vários locais dificultando a passagem dos atletas. Seguimos os 3 estrada fora até ao km 2, local onde me despedi deles e imprimi um ritmo mais intenso. Sentia-me totalmente recuperado da maratona e depois de um gajo ter feito 42kms, 10 kms não parece quase nada. Arranquei e fui no limite dos pulmões, não fazendo ideia a que ritmo ia. Aos 2kms iamos com 13', acabei a prova aos 50', demorando 37' para fazer 8kms. A verdade é que desde que arranquei não fui ultrapassado por ninguém e isso fez-me sentir bem.

A recuperação da maratona estava concluida e a prova do Sporting também. Para o próximo ano, lá estarei de novo.


O dia em que senti em que me estava a deslocar para a Arca de Nóe

Meus amigos... Mas que dilúvio foi aquele que se abateu sobre Lisboa no fim-de-semana passado? Chuva, chuva e mais chuva... E com direito à cereja no topo do bolo que foi o vento que parecia atacar de todos os lados... A juntar ao sobe e desce dos túneis do Campo Grande, pode dizer-se que a Corrida do Sporting deste ano foi dura, durinha!

Ainda que não pelas mesmas razões que o bluesboy, os últimos tempos têm sido de maior afastamento das corridas e dos treinos. Isto de estudar e de trabalhar ao mesmo tempo acaba por se reflectir em menos tempo livre para aqueles passatempos que adoramos. E a corrida tem vindo a ressentir-se do menor tempo livre que tenho tido nos últimos meses. As prioridades assim tiveram de ser definidas mas é por uma boa causa!

Conforme já dito pelo bluesboy, a corrida foi feita em conjunto com ele e a um passo de caracol muito afastado dos ritmos habitualmente quenianos que caracterizam este rapaz. Eu bem lhe disse para seguir (pois bem vi os seus olhinhos brilhantes quando o Mustache disse que ia seguir...) mas ele adora contrariar-me e decidiu continuar ao ritmo do caracol com os ténis mais fashion de Lisboa e arredores. 

Olha o pé fashion em pleno estádio!!

Esta edição da Corrida de Sporting foi aquela em que fiz maior tempo de prova mas, nesta fase de ritmo de trabalho mais alucinante, mais não posso pedir. Acima de tudo, o que conta é o convívio e poder estar presente numa corrida do meu clube. Venha a próxima!!

14/10/2014

Boné Salomon XA CAP - review by bluesboy

Um dos artigos que a Salomon me enviou para testar foi este boné XA Cap.

Tal como a mochila S-lab (podem ver a respectiva review aqui), a qualidade do boné é notória, mesmo tratando-se de um acessório, a partida, simples.

Características:
  • Tamanho único;
  • Fecho em velcro;
  • Tecido que facilita a eliminação da transpiração;
  • Protecção UV;

Tendo feito a esmagadora maioria dos treinos de Verão com ele, posso sublinhar sobretudo a sua extrema leveza, adequada protecção (mesmo com o Sol a pique, nunca fiquei com dores de cabeça) e o facto da pala do boné ser mais curvada, o que é uma mais valia em treinos de manhã cedo ou ao fim da tarde, em que o sol está baixo. Perde-se um pouco de visibilidade lateral, mas creio que compensa na protecção dos raios solares.

Com a chegada do Outono, tenho também a dizer que já o experimentei com chuva e é igualmente eficaz na drenagem da água em excesso, não empapando e fazendo um escoamento excêntrico (para fora da cara, entenda-se :D).

Resumindo, uma excelente solução para protecção solar e para correr à chuva!

07/10/2014

A minha primeira maratona - Maratona de Lisboa 2014

Já estou para escrever este post há, pelo menos, dois dias, mas no domingo a seguir à prova e ao almoço, deitei-me para descansar só 1horita e quando acordei eram quase 22h. Na segunda-feira, uma ida ao Algarve em trabalho, adiou-o de novo. Mas de hoje não passa.

Por onde começar? Nem sei! A verdade é mesmo esta. Já pensei várias vezes como iria começar este post, mas as emoções são tantas que torna dificil expressá-las por palavras. E terminar uma maratona é mesmo isto: uma emoção!

Comecemos então pela organização e percurso em si. Nunca tinha corrido uma maratona, portanto não tenho ponto de comparação, mas esta pareceu-me bastante bem organizada. Desde o transporte para o local com bastante antecedência, ao local de partida com espaço para todas as pessoas se prepararem, ao número de casas de banho disponiveis (claro que parecem sempre poucas quando 2000 pessoas querem ir ao mesmo tempo), à animação durante o percurso, ao número de postos de abastecimento, ao pormenor das bandeiras dos vários paises ao longo do passeio maritimo de Oeiras, às oferendas no final da prova. Se tivesse algum ponto menos positivo a apontar, seria ao facto de terem colocado um ponto de abastecimento no preciso local onde a meia-maratona dava a volta e onde a Maratona se juntava à meia-maratona. Foi a confusão total, com o pessoal a querer arrebanhar o máximo de géis possiveis. De resto, impecável.

Debrucemo-nos agora sobre a minha prova. Sentia-me preparado tanto a nivel fisico, como a nivel psicológico. Estava confiante, e, tirando algum nervosismo, pronto para percorrer os 42,195kms da prova. Passei o pórtico da partida e comecei a um ritmo não muito elevado, para aquecer melhor os músculos e para deixar o coração abrandar um pouco. Ao fim de 2kms (quando normalmente me aparecem as dores nas canelas), comecei a aumentar o ritmo até chegar ao que pretendia: 5'12" - 5'15". Ao km 6 estava a 5'13" e mantive-me nesse registo. O plano de bebida e comida ia traçado e fiz com que assim acontecesse. Como os abastecimentos de água eram a cada 2,5kms e não queria beber muita água para evitar paragens para "regar as couves", só iria beber água ao km 7,5 e depois a cada 5kms. Como tinha comido uma barra 30' antes da prova, o primeiro gel estava reservado para o km 15, aproveitando que ao km 20 haveria um posto de gel, e ainda teria outros dois para o km 27-28 e outro para o km 35-36, ou quando o posto de água estivesse próximo, para beber a seguir ao gel.

A primeira metade da prova foi feita sem qualquer esforço, sentia-me bem, sem dores, sem cansaço nas pernas ou falta de ar. Ainda antes dos 21kms, já eu tinha deixado para trás o marker das 4h e isso deixou-me muito feliz. Apesar disso, mantive o ritmo pois permitia-me acabar a prova em cerca de 3h50' (mais coisa, menos coisa). Passei o mítico km 30 e continuava bastante bem, excepto uma dor que me aparecia de vez em quando na perna direita, na zona do tendão de aquiles, que me obrigava a colocar o pé numa determinada posição durante algum tempo. Fui aproveitando alguns atletas como lebres, mantendo-me sempre atrás deles para manter o ritmo, nunca os deixando fugir muito nem os ultrapassando. Mas ali a chegar ao km 36 tive uma quebra enorme, as pernas pareciam que pesavam 2 toneladas e que não as conseguia mexer. Fui-me um pouco abaixo e abrandei consideravelmente o ritmo, tendo mesmo demorado quase 8' para fazer 1km (39-40).

Mas depois vi a placa dos 40, comecei a ver mais pessoas na rua a puxar por nós e o ânimo voltou. E vi o tempo por cima da placa 3h48'! Sabendo que o meu tempo de chip era menos 2', se acelerasse, ficava abaixo das 4h. Assim o fiz e cruzei a meta de braços no ar e a um bom ritmo. Parei o Runkeeper e marcava 3h58'57"! Tinha conseguido! Tinha ficado abaixo das 4h! Se ao ver a meta não consegui conter as lágrimas, menos o consegui quando percebi que tinha atingido ambos os objetivos que tinha para a prova. Foi, sem dúvida nenhuma, uma estreia emociante a todos os niveis.

Como li algures, numa maratona não há sorte de principiante nem heroismo de último km. Ou estamos preparados, ou ela derruba-nos! Sem dó nem piedade. Felizmente, estava preparado para a enfrentar e consegui dar-lhe a volta quando quase me quis derrubar. Sabia que ia ser duro, mas uma pessoa não sabe a verdadeira dureza até a fazer. Sei que devo ter cometido alguns erros durante a prova; talvez se tivesse começado mais lento na primeira metade e na segunda puxasse mais por mim, não tinha tido a quebra; se calhar o plano de alimentação não foi o melhor.... Não sei, mas sei que terminei e que tenho na Maratona do Porto, uma nova oportunidade de me voltar a superar.