31/01/2015

Grande Prémio Fim da Europa - report by Fiona, bluesboy e Mustache

Se eu podia ter desistido? Podia, mas não era a mesma coisa

Atenção: este relato tem inúmeras referências a problemas gastro-intestinais, pelo que deve ser lido com o devido distanciamento temporal do almoço ou jantar.

Com poucas horas de sono, lá me arrastei no passado Domingo para Sintra, rumo ao Fim da Europa. Para além do cansaço de uma noite mal dormida, vinha claramente com uma revolução intestinal em marcha, o que tentei remediar antes da partida...

... 10:15, tiro de partida dado, lá segui em ritmo ponderado, como impõem os quilómetros iniciais e com redobradas cautelas dada a minha má forma presente e cansaço parental (a sério, cólicas nocturnas de um bebé metem uma dor de dentes a um canto em termos de desgaste). Ao quilómetro 2 comecei a ter necessidade de caminhar aqui e ali, o fogo de artifício no lombo continuava, tendo-me arrastado mais uns sete quilómetros até efectivar mais uma "paragem técnica"...

... aparentemente melhor, lá retomei a corrida, encontro a Marta, caminhamos em conjunto na parte final do temível quilómetro 10 e inicio a descida a trote...

... chegada à Azoia, cruzo-me com alguns Pernas de Gafanhoto que já tinham terminado a prova, o que me deu algum ânimo para acabar a prova a uma passada minimamente apresentável.

Terminei com 01:50:32, um tempo que reflecte bem as dificuldades passadas, tendo conseguido pior do que no ano passado, quando corri lesionado com uma fasceite plantar.


Estás bonito, estás...
Vendo as coisas com olho clínico, tenho quase a certeza que corri com uma virose, o que explica a debilidade e tudo o resto. Para o ano será certamente para melhorar e esperar que as condições meteorológicas estejam como as de 2015: um dia perfeito para correr, uma chegada ao Cabo da Roca espectacular e uma excelente organização, que culminou com a chegada ainda mais perto do ponto mais ocidental da Europa.



Tempos da prova nas minhas cinco participações


O dia em que fiz as pazes com Sintra - Mustache

25 de janeiro foi o dia da minha primeira prova de estrada, este ano, sendo que a última tinha sido a Maratona do Porto, em novembro. Foi também a minha primeira vez nesta corrida, portanto, não tenho forma de comparar com outras edições. Sabia apenas que apelidam esta corrida de "a prova mais bonita" e foi para isso que fui preparado.

Logisticas à parte, cheguei a Sintra com tempo suficiente para procurar um lugar para o carro, para ir comer um Travesseiro e um café à Piriquita, para ir entregar a mala que recolheria no final e ir para a zona da partida ver as pessoas a aquecerem. Foram muitos os amigos e conhecidos que cumprimentei, todos com um sorriso na cara, apesar do (algum) frio que se fazia sentir. Fiquei por ali em amena cavaqueira até ser a hora da minha partida, que seria às 10:15.

Eu, à conversa com aquele menino que nunca treina
mas que fica sempre à minha frente.

Lá para as 10:07 fui para a zona da partida, e aproveitei para fazer o aquecimento em conjunto com o resto da malta, em frente a um locutor que percebia pouco daquilo. Mas estava animado e é o que interessa. 10:30 e novo disparo para o ar, assinalando o arranque da segunda vaga de atletas. Sintra estava-me atravessada ma garganta por causa das duas corridas do BES que lá fiz. Em ambas, mais cedo ou mais tarde, tinha que começar a andar sob risco de não aguentar e desmaiar para o lado. E eu, apesar de não ser atleta de topo, não gosto de parar de correr! Eu pago para correr, não para andar. Já sabia que aquele inicio em zigue-zague serra acima ia ser complicado. Sabia que se um gajo não sabe o que o espera e se mete em aventuras a forçar, arrisca-se a rebentar a meio. Por isto, fui a um ritmo ligeiramente abaixo do confortável, mas sem apertar muito. Nunca parei e assim que a subida terminou, comecei a rolar a um ritmo bem mais rápido. Corriam os boatos que o verdadeiro desafio era ao km 10, onde iríamos encontrar uma "parede" - claramente esta malta da estrada não sabe o que é uma "parede" - capaz de derrubar até o atleta mais destemido. E a verdade é que a senti, ali em todos os músculos das pernas, mas também nunca parei de correr. Nunca tendo feito a prova e sabendo destas subidas, tinha apontado para um tempo entre a 1h30m e 1h45m. Quando acabei de escalar a parede e olhei para o relógio, vi que era possível isso e muito melhor. Também me tinham dito que a seguir à "parede" era sempre a descer, mas como corredor de trail habituado a que lhe 'mintam' sobre isso de ser sempre a descer, ia um pouco desconfiado. Mas foi mesmo (quase) sempre a descer. Corri no limite dos pulmões e os últimos 3kms foram corridos a menos de 4'20"/km (4'16", 4'18" e 4'13", respetivamente). Quase a chegar à meta, uma última subida que me soube mesmo bem e que deu para ultrapassar alguns corredores, ganhando algumas posições. Cruzei a meta com 1h25'55". Podia ter feito melhor, é verdade, mas ainda me faltava voltar para Sintra e o melhor mesmo era poupar um pouco as pernas...

Aqui, vinha lançadíssimo. Levasse um atacador desatado e caísse,
rebentava as cangalhas todas!
Foi uma estreia bastante positiva, onde me diverti e pude conferir que é mesmo um das provas (de estrada) mais bonitas de Portugal. Quanto à organização, nada a apontar de negativo e deu bem conta do recado no que ao transporte diz respeito. Eu sei que muita gente não liga a isto, que dizem até que a tshirt que nos deram é mais do que suficiente, mas eu sou aquilo tipo de pessoa que gosta de receber uma medalha. E, verdade seja dita, na minha opinião, a prova ficaria ainda mais completa com uma medalha à altura da beleza da prova. Para o ano, hei-de lá voltar.

Quanto ao meu regresso a Sintra.... Bem, se quiserem podem lê-lo aqui.



Se eu podia ter feito esta prova tendo o chip no pé esquerdo? Podia, mas não seria a mesma coisa!

"Roubando" descaradamente a inspiração para o título do meu report ao meu amigo bluesboy, aqui estou a escrever sobre a minha última participação no Grande Prémio Fim da Europa. Esta será, sem sombras de dúvidas, uma das minhas provas preferidas. Pelo local, pelas belas imagens que se conseguem obter num dia de céu limpo e de muito sol ou pela dificuldade do traçado que me desafio mais do que a maior parte das provas em que participo. Não sei se é por terminar em frente ao majestoso Oceano Atlântico mas esta é uma prova que termino com um sorriso nos lábios e com vontade de regressar no próximo ano!

Lamechices à parte, vamos lá ao meu report...


Cheguei cedo a Sintra na companhia da Marta e passado pouco tempo, encontrámos o João Lima, talvez um dos mais conhecidos corredores do nosso pelotão. Até à hora da partida deles, lá fomos encontrando mais corredores conhecidos e juntei-me finalmente aos Pernas de Gafanhoto que já se começavam a reunir na famosa Volta do Duche. E eis que me dou conta de que me esqueci em casa de um pormenor deveras importante: o chip! Felizmente, não me esqueci do dorsal e pude participar na prova, mas pude constatar que a organização não possui de uma solução alternativa para os mais distraídos que se esquecem do chip em casa. Desta forma, não tenho direito a diploma. Eu sei... A culpa foi minha que me deveria ter organizado para não me esquecer do chip mas poderia a organização ter alguma solução alternativa para que nenhum participante ficasse sem direito ao seu diploma. Principalmente, e como já foi referido pelo Mustache, esta prova não teve direito a medalha como recordação. Eu bem sei que não será o mais importante mas gosto de ter uma recordação das corridas em que participo que não seja apenas a camisola da prova...


Chegadas as 10:15 foi altura de dar a partida por mais umas deambulações pela serra de Sintra. Lá fui eu, muito calmamente já que os últimos tempos não têm sido propriamente os mais férteis em treinos já que o trabalho continua com um índice bem elevado e há que prioritizar as coisas e, infelizmente, acaba por ser a corrida a ficar para segundo plano. Mas espero em breve que as coisas voltem ao seu rumo e consiga manter um ritmo de treino bem aceitável. A prova correu bastante bem, tendo em conta estar bem longe da minha melhor forma, e pude desfrutar da prova. Não tenho assim grandes objectivos de tempos, aproveitei o abastecimento em torno da famosa parede do km 10 para apreciar por uns segundos a paisagem...


Digam lá que não valeu a pena para um pouco?!

Depois deste ponto, estavam terminadas as subidas e era altura de ter pulmões suficientes para enfrentar os últimos quilómetros de prova de descida vertiginosa. Já após ter passado a Azóia, cruzei-me com o Marco dos Tartarugas Solidárias que andava a ajudar amigos no final da prova e ele fez comigo o último quilómetro e meio, dando-me a motivação suficiente para terminar com um sorriso reforçado. Muito obrigada!

Ressalvo um ponto muito positivo para a organização no que se refere ao apoio dado à chegada: havia comida em boa quantidade, água, bebida isotónica e chá com mel suficiente para a recuperação de uma prova tão dura e para fazer face ao regresso. Fica só mesmo a faltar a emblemática medalha de recordação...

E o resumo da prova foi este:

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